Agroecologias do Brasil: Desafios e oportunidades

Sobre

Esta publicação traz um resumo dos principais insights dos nossos estudos, que apontam desafios e oportunidades para o fortalecimento e dinamização da transição agroecológica no Brasil. Queremos que pesquisadores, cientistas, agricultores e ativistas possam tomar esse mapeamento, expandi-lo ou desenvolver novas técnicas e tecnologias a partir dos questionamentos elencados.

O que propomos é o início de uma longa conversa. Existem algumas camadas que precisam ser expandidas e melhor detalhadas, mas estamos confiantes de ter construído um material sólido. Com a consciência de que esse é apenas um primeiro passo, convidamos você a consumir esse material e divulgar com quem achar que poderá se interessar por ele.

Agroecologia e Inovação

O que é a agroecologia

Quando cientistas e pesquisadores falam sobre agroecologia, eles se referem a um conceito com três diferentes dimensões e sentidos: a agroecologia como uma ciência, como uma prática e como um movimento social. Ou seja, entender como uma agropecuária pode acontecer de maneira mais ecológica pressupõe compreender que há uma sinergia entre essas três dimensões, que geram diferentes dinâmicas de transformação da agricultura convencional para uma prática mais sustentável em cada região do país.

Uma transformação de muitas etapas

As agroecologias no Brasil vêm se constituindo socialmente com características profundamente conectadas ao funcionamento dos movimentos sociais, e isso influencia a forma como técnicos e organizações do setor compreendem os espaços de inovação social e desenvolvimento tecnológico em direção a processos de agricultura mais ecológicos. Infelizmente, os processos e teorias que estão hoje em execução para fundamentar a análise e orientar as estratégias de Pesquisa e Inovação em Agropecuária no Brasil têm se mostrado insuficientes, falhando na compreensão da dinâmica do desenvolvimento de conhecimentos e da construção de soluções tecnológicas para efetivamente levar a agricultura brasileira para um patamar de maior sustentabilidade do que o atual. Parte dessa dificuldade tem a ver com uma questão em especial: o entendimento do que seria “inovação” nesses ambientes e de que formas o público de cada território está aberto a lidar com o novo.

Inovações em diversos níveis

Existem hoje duas principais teorias que merecem destaque no contexto das transições da agropecuária convencional para processos agroecológicos, dentre as quais se destaca a Teoria das Transições Tecnológicas (TT), desenvolvida pelo filósofo britânico Frank W. Geels. A partir do entendimento das TTs, a tecnologia por si só não tem “o poder” de transformar a sociedade. É fundamental que as novas tecnologias estejam associadas à atuação humana, às estruturas e às organizações para que possam conseguir cumprir as funções para as quais foram desenvolvidas. Geels propõe um modelo multidimensional que ajuda a explicar como as transições tecnológicas podem acontecer por meio de processos de inter-relações entre entidades e pessoas de três diferentes níveis: o nicho, no nível micro; o regime, no nível intermediário; e a paisagem, no nível macro.

Nichos como viveiros da inovação

Existem diversos caminhos possíveis que podem conduzir a um processo que permita ampliar a sustentabilidade dos sistemas agroalimentares no Brasil. O que se percebe é que muitos deles estão surgindo a partir da produção de novidades que acontecem em nichos, essas unidades menores de desenvolvimento de técnicas, que combinam o “hardware” da paisagem com o “software” dos regimes para produzir algo diferente do padrão.

Ciência como ponte entre os níveis de inovação

A ciência, por meio de seus cientistas e dos serviços de extensão e pesquisa, pode atuar de modo a analisar, estudar, documentar e propor a construção de pontes entre os níveis dos nichos, regimes e paisagens. Dessa forma, ao identificar grandes desafios transversais aos nichos com potencial de serem escalados para o nível dos regimes e paisagens, conectando as experiências das redes sociotécnicas locais com o Sistema Nacional de Inovação, seria possível transformar as "novidades" ainda incipientes e muito vinculadas aos contextos locais em soluções com grande potencial para escalar.

Tipologia

Agroecologias camponesas

São aquelas em que as trajetórias de transição para a agroecologia acontecem a partir de agriculturas camponesas em que prevalecem as atividades predominantemente circunscritas nas áreas de estabelecimentos unifamiliares ou parte deles.

Agroecologias intermediárias

São aquelas em que as trajetórias de transição para a agroecologia se dão a partir de contextos em que as agriculturas são intermediárias entre camponesa e as tradicionais / territoriais. São agriculturas em que prevalecem as atividades em estabelecimentos unifamiliares, porém com valorização de produtos da sociobiodiversidade em bases territoriais.

Agroecologias territoriais

São aquelas em que as trajetórias de transição para a agroecologia se dão a partir de agriculturas baseadas em processos territoriais de gestão e manejo dos recursos naturais pelas famílias e comunidades. São agriculturas tradicionais geralmente associadas a populações profundamente enraizadas em seus territórios, como os presentes no Fundo e Fecho de Pasto do Sertão do São Francisco (BA), o Vale do Mearim com as quebradeiras de coco babaçu (MA), os ribeirinhos extrativistas dos açaizais do Baixo Tocantins e Marajó (PA) e os castanheiros da Transamazônica e de Santarém (PA).

Viveiros da Agroecologia

Viveiros da Agroecologia

Trajetórias de transição para a agroecologia a partir de agriculturas camponesas

Trajetórias de transição para a agroecologia a partir de agriculturas intermediárias

Trajetórias de transição para a agroecologia a partir de agriculturas territoriais

Publicações

Agroecologias do Brasil - Estudo 1

EM BREVE

Estudo 2

Previsão de lançamento segundo semestre de 2023

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